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Somos
um país de extremos.
Calma,
não vou falar do abismo social que separa ricos e pobres. Também não vou
discutir o ame-ou-odeie partidário que vem acalorando discussões desde sempre.
Falo do tudo-ou-nada para o qual partiu o povo após seu despertar tardio frente
a situação de desrespeito e injustiça a que tem se submetido há décadas.
Impeachment de presidente? Dissolução do Congresso? Delegação do poder de decisão às
massas? Espere, aí! Não quero derrubar o Governo, quero fazê-lo funcionar!
Saímos
da condição de ovelhas cordatas para nos tornar um bando de cachorros loucos.
Não
adianta procurarmos um Judas para malhar.
Antes de começarmos a latir e babar
contra esse ou aquele governante, é preciso entender como funciona a máquina estatal,
saber a quem cabe cada responsabilidade, de quem devemos cobrar atitudes,
decisões e ações.
Ninguém
pode ser a favor de ir contra ou ignorar a Lei. Se a Lei é ruim, lute para
mudá-la. E de quem exigir isso? Do Legislativo. E não é só o legislativo
federal que tem pisado na bola; o estadual e o municipal, muito menos visados, também
estão atolados até o pescoço na sujeira.
Injustiça
e corrupção se combate com leis fortes e judiciário atuante. E é isso o que se
tem visto? Acaso os nossos meritíssimos juízes não têm também se colocado em
pedestais de superioridade e arrogância, tomando decisões descabidas e imorais?
Tem-se falado muito do STF, mas esse é a última estância do judiciário. Tá,
tudo bem, é ele o responsável pelo julgamento de políticos, então é nele que
estamos de olho. Mas, tirando o julgamento dos mensaleiros, o que mais tem sido
decidido ali? Todo o tempo estão sendo julgados temas importantes. Estamos
acompanhando?
Já
o Executivo é ponto mais sensível da nossa inervação política e é preciso
fazê-lo funcionar, mesmo! Comecemos pelo menor, o que é mais fácil fiscalizar:
a prefeitura. Existem escolas e hospitais sob responsabilidade municipal. Eles
funcionam? É certo que todos recebem verbas do governo federal, mas será que o
problema é só falta de dinheiro? E a incompetência? A má gestão? Os desvios? Os
secretários de saúde, de educação, de transporte, de segurança da sua cidade,
do seu estado são pessoas capacitadas ou são apadrinhados?
Confesso
que, depois de tudo o que se tem dito e feito em nome das tão alardeadas
mudanças, desanimei da causa. É gente demais falando sem refletir, atacando ou
defendendo o governo com uma estupidez alarmante. Há grupos dos dois lados
tentando impor-se pelo medo. Medo de uma ditadura populista, ao melhor estilo
Chavez, ou de um regime facista, ala Mussolini.
Já
há partidos políticos tentando tirar vantagem do apartidarismo do movimento.
Transformaram o ato de repudiar as bandeiras numa atitude anti-partidária. Não
vejo assim. Numa manifestação, também me desagradaria marchar sob bandeiras de
partidos que não me representam. Será que não se pode deixar o panfletarismo de
lado, pelo menos um pouco, para defendermos juntos uma causa que deve ser de
todos?
Antes, me irritava a postura de alguns que, alheios aos acontecimentos,
mantinham-se distantes, calados ou ironizando os protestos. Agora, vejo-os com
olhos diferentes; olhos de tristeza e resignação.
Vou
acabar recolhendo-me a meu habitual cinismo ao observar o quadro que se
desenha pelo país. Digamos que, diante do insosso e previsível pronunciamento
da nossa presidente, o cinismo vai me cair muito bem. Será melhor do que
apanhar uma pedra e partir para o vandalismo.