Havia algo de mórbido naquele seu costume de observar os barcos chegando
ao porto. Angustiava-se ao ver os imigrantes desembarcarem de seus navios,
cheios de esperança e medo, e ainda assim, sempre que podia estava ali, a
contemplar a turba maltrapilha vinda de diversas partes do mundo.
Lembrava-se do pai, que saíra da terra natal cheio
de planos e que não chegara àquela que era a capital do mundo. Da irmã mais
velha, que também sucumbira à doença durante a viagem, e que sonhava com uma
Londres resplandecente, onde teriam posses e seriam princesas. Mas, na maioria
das vezes, lembrava-se de si mesma, chegando sozinha numa cidade que nada tinha
da prosperidade dos planos do pai ou da beleza dos sonhos da irmã. A primeira
impressão que tivera de Londres foi a de que ela tentava repelir os
recém-chegados com o seu mau-cheiro.