Depois
de uma noite terrivelmente longa, o dia enfim amanhecia e a vila continuava
envolta em sombras. A densa neblina, que descera há alguns dias, permanecia,
tornando tudo mais lúgubre. O cheiro da carne queimada ainda impregnava o ar,
embora a fogueira há muito se tivesse extinguido. Thomas Bower achava que
jamais se livraria daquele odor, nem tampouco dos horríveis gritos de Marybeth.
Não
chorara por ela, nem o faria; não tinha esse direito. Não depois de tê-la
arrastado para fora de casa, enquanto ela lhe implorava que acreditasse nela. Muito
menos depois de tê-la entregado aos seus algozes, quando, no fundo, não
acreditava realmente em sua culpa. Covarde era ele e merecia todo o sofrimento
e o remorso que carregava.
Caminhava
apressado através do nevoeiro, seguido de perto pelo jovem William. Mais uma
morte ocorrera na madrugada, sinal de que queimar a bruxa não havia resolvido
os problemas. Então, como principal membro do conselho da vila, coube a ele a
tarefa de ir até a casa, na margem do bosque, buscar as respostas que pudessem
solucionar aquela situação.