"As pessoas me perguntam por que eu escrevo coisas tão brutas. Gosto de dizer que tenho um coração de menino; está guardado num vidro em cima da minha escrivaninha."

(Stephen King)



segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Casa dos Pecados


Mauro abriu os olhos e fitou o teto. O quarto era escuro e abafado, apenas uma luz difusa penetrava pelas frestas das janelas. O velho colchão, onde estava deitado, exalava um odor azedo e enjoativo. Não sabia como chegara ali.  O pânico começou a querer dominá-lo, mas o peso à direita de seu quadril o fez sentir-se seguro. Levou a mão até o coldre e palpou a 9mm.
Sentou-se, analisando o lugar e surpreendeu-se ao notar a mulher do outro lado do quarto. Estava nua e os cabelos escuros contrastavam com a brancura de sua pele. Pareceu-lhe vagamente familiar. Quando ela se aproximou, ele soube onde já havia visto aquele rosto e porque não o reconhecera de imediato: nas fotos que vira dela, seu rosto estava transformado pela morte. 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Planos para o Futuro





Quando o despertador começou a tocar, Jack teve que se esticar sobre o lado vazio da cama para poder desligá-lo. Afundou o rosto no travesseiro da esposa e, embora achasse o perfume agradável, naquela manhã, ele o incomodou. Emily, como todos os dias, já se levantara há algum tempo; era difícil para certas pessoas perder antigos hábitos. Sabia que a encontraria na mesa do café, com uma caneca na mão, folheando o jornal.
Jack soltou um profundo suspiro, afastando as cobertas. Estava cansado daquilo. A rotina, a cama, a casa e, principalmente, a esposa faziam-no se sentir velho. Tinha que se libertar ou sucumbiria àquela atmosfera sufocante de monotonia. Consolava-se por saber que a situação logo estaria resolvida; um mês, pedira-lhe Tom, seu advogado.  

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Arte de Fumaça


Conto escrito para o 6° Desafio de Escritores, cujo tema era "O Jardim da Delícias", quadro de Hieronymus Bosch.




— Mestre Jeroen, está acordado?
A voz de Margô o despertara no primeiro chamado, porém ele relutava em abrir os olhos; a luz podia ser dolorosa. Tentava, ao mesmo tempo, evitar e manter na mente as imagens que o assombravam desde a noite anterior.
— Mestre Jeroen...
— Sim, Margô, estou acordado.
— Perdão, Mestre, por incomodá-lo, mas é que está aqui um servo da Casa de Nassau e ele diz que seu senhor o mandou perguntar sobre a obra encomendada.
— Diga-lhe que espere. Descerei em alguns minutos.
Margô assentiu e retirou-se.
Jeroen sabia que Henrique de Nassau não tardaria a cobrá-lo pela obra, há muito encomendada e paga. No entanto, estava com sérias dificuldades para produzi-la. “Uma visão nova sobre a humanidade e o sagrado”, pedira Nassau e o que á princípio lhe parecera simples tornou-se um desafio. Como produzir algo novo sobre a velha relação Homem/Deus? A resposta veio por meio de um exótico e incrível objeto, que ele conhecera na taverna um dia antes.  

Começando...

Este post de abertura parece ser o mais difícil de escrever; imagino que os próximos fluirão naturalmente. Tenho problemas com os inícios. Sempre achei complicado começar qualquer coisa nova e sendo este meu primeiro Blog, onde postarei meus textos de iniciante, a tarefa é ainda mais árdua.
Vamos fazer assim, eu me despeço e deixo minhas histórias falarem por mim.
Espero que gostem.