Conheci
Bucareste numa dessas viagens com amigos, logo após a faculdade, e devo
confessar que, de inicio, não me impressionei com a cidade, que mais parecia
recém saída da Segunda Guerra, tantos eram os monumentos ainda em ruínas. Estávamos
conhecendo o leste europeu e três dias na capital romena me pareceram tempo
demais. Teria sido tedioso, não fosse eu ter descoberto os encantos de
Bucareste; melhor dizendo, os encantos de Anna.
Anna
foi a razão de minha permanência prolongada na Romênia. Depois, tornou-se o
motivo de minhas repetidas visitas ao país. Por fim, levou-me a fazer de
Bucareste meu lar. Hoje, me seria impossível deixar esta cidade.
Casei-me
com Anna e tivemos um filho. Sobre minha família o que posso dizer é que os amo
infinitamente e que nada seria grande o suficiente para nos separar.
Foi
ainda em minha primeira viagem à Europa, que tomei conhecimento de um tipo de
turismo extravagante e muito praticado no velho continente, o turismo tumular. E
o passeio consiste em exatamente isto: conhecer e admirar cemitérios.
Realmente, a idéia não é muito atraente para todos, mas devo dizer que, hoje,
minhas caminhadas noturnas por entre as lápides são quase sagradas. Ah, sim, se
a intenção é a de encontrar espíritos, o melhor horário para um passeio nos
cemitério é à noite, pois só almas terrivelmente atormentadas e perigosas se
mostram durante o dia.