Texto escrito para o Sétimo Desafio de Escritores, cuja tarefa consistia em escrever uma carta a Che falando das atualidades do mundo em relação à luta e os ideais de Guevara.
Companheiro
Ernesto,
Surpreendentemente, aos setenta e
nove anos, continuo por aqui, respirando, lúcido e consciente de meus atos. Não
espere que haja nesta carta um pedido de desculpas. Não é por arrependimento
que lhe escrevo, mas por uma súbita necessidade de compartilhar minha
frustração. Saiba que, com minha traição, acabei fazendo-lhe um favor. Você se
tornou uma personalidade admirada no mundo todo, por pessoas inclusive que
jamais o entenderiam se o conhecessem. Soube até que o consideram santo
em certos lugares, o que não deixa de ser muito engraçado; a santidade é algo
que nunca estaria ao alcance de homens como nós.
Livrei-o de se tornar uma figura patética, como aconteceu ao seu amigo Fidel.
Quanto a mim, continuo incógnito, como prometeram os americanos; o serviço secreto deles foi muito eficiente em desaparecer comigo.
Livrei-o de se tornar uma figura patética, como aconteceu ao seu amigo Fidel.
Quanto a mim, continuo incógnito, como prometeram os americanos; o serviço secreto deles foi muito eficiente em desaparecer comigo.