"As pessoas me perguntam por que eu escrevo coisas tão brutas. Gosto de dizer que tenho um coração de menino; está guardado num vidro em cima da minha escrivaninha."

(Stephen King)



sábado, 22 de junho de 2013

Ai, que sono... Devolvam meu berço!

Fonte: Google Imagens
Somos um país de extremos.
Calma, não vou falar do abismo social que separa ricos e pobres. Também não vou discutir o ame-ou-odeie partidário que vem acalorando discussões desde sempre. Falo do tudo-ou-nada para o qual partiu o povo após seu despertar tardio frente a situação de desrespeito e injustiça a que tem se submetido há décadas.
Impeachment de presidente? Dissolução do Congresso? Delegação do poder de decisão às massas? Espere, aí! Não quero derrubar o Governo, quero fazê-lo funcionar!
Saímos da condição de ovelhas cordatas para nos tornar um bando de cachorros loucos.
Não adianta procurarmos um Judas para malhar. 
Antes de começarmos a latir e babar contra esse ou aquele governante, é preciso entender como funciona a máquina estatal, saber a quem cabe cada responsabilidade, de quem devemos cobrar atitudes, decisões e ações.
Ninguém pode ser a favor de ir contra ou ignorar a Lei. Se a Lei é ruim, lute para mudá-la. E de quem exigir isso? Do Legislativo. E não é só o legislativo federal que tem pisado na bola; o estadual e o municipal, muito menos visados, também estão atolados até o pescoço na sujeira.
Injustiça e corrupção se combate com leis fortes e judiciário atuante. E é isso o que se tem visto? Acaso os nossos meritíssimos juízes não têm também se colocado em pedestais de superioridade e arrogância, tomando decisões descabidas e imorais? Tem-se falado muito do STF, mas esse é a última estância do judiciário. Tá, tudo bem, é ele o responsável pelo julgamento de políticos, então é nele que estamos de olho. Mas, tirando o julgamento dos mensaleiros, o que mais tem sido decidido ali? Todo o tempo estão sendo julgados temas importantes. Estamos acompanhando?
Já o Executivo é ponto mais sensível da nossa inervação política e é preciso fazê-lo funcionar, mesmo! Comecemos pelo menor, o que é mais fácil fiscalizar: a prefeitura. Existem escolas e hospitais sob responsabilidade municipal. Eles funcionam? É certo que todos recebem verbas do governo federal, mas será que o problema é só falta de dinheiro? E a incompetência? A má gestão? Os desvios? Os secretários de saúde, de educação, de transporte, de segurança da sua cidade, do seu estado são pessoas capacitadas ou são apadrinhados?
Confesso que, depois de tudo o que se tem dito e feito em nome das tão alardeadas mudanças, desanimei da causa. É gente demais falando sem refletir, atacando ou defendendo o governo com uma estupidez alarmante. Há grupos dos dois lados tentando impor-se pelo medo. Medo de uma ditadura populista, ao melhor estilo Chavez, ou de um regime facista, ala Mussolini.
Já há partidos políticos tentando tirar vantagem do apartidarismo do movimento. Transformaram o ato de repudiar as bandeiras numa atitude anti-partidária. Não vejo assim. Numa manifestação, também me desagradaria marchar sob bandeiras de partidos que não me representam. Será que não se pode deixar o panfletarismo de lado, pelo menos um pouco, para defendermos juntos uma causa que deve ser de todos?
Antes, me irritava a postura de alguns que, alheios aos acontecimentos, mantinham-se distantes, calados ou ironizando os protestos. Agora, vejo-os com olhos diferentes; olhos de tristeza e resignação.

Vou acabar recolhendo-me a meu habitual cinismo ao observar o quadro que se desenha pelo país. Digamos que, diante do insosso e previsível pronunciamento da nossa presidente, o cinismo vai me cair muito bem. Será melhor do que apanhar uma pedra e partir para o vandalismo. 

3 comentários:

  1. Importante reflexão, Denise.

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  2. Bom dia, Denise!!
    Sinceramente eu desconhecia esse seu lado político; rsrs. Não sei muito como opinar sobre esse assunto, portanto, vou me ater a apenas dizer que esta crônica é uma expressão concisa e segura.
    Beijos, minha amiguinha.

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  3. Bom dia, Denise!
    Sou Gina Girão e admiro seu estilo e conteúdos. Muito boa reflexão. Apesar de não me considerar cínica ou descrente (sempre estive atenta às políticas públicas, à política partidária e - até! - estive candidata a cargo eletivo) preferi observar e observar e observar os acontecimentos recentes; das olhadelas saiu-me isso: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4507529. Grata por me lembrar.

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